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sábado, 30 de outubro de 2010

FLANELINHAS E VENDEDORES DE AMENDOIM NO CENTRO DE MACAPÁ (2005)

“Flanelinhas, vendedores de picolé, amendoim e bombons. Dezenas delas vivem espalhadas, principalmente, no centro da cidade, onde o movimento é maior. Ao serem questionados sobre o trabalho, a resposta é uma só: “Eu preciso!”.
Essa é a realidade das crianças e adolescentes que são obrigados a trabalhar, mesmo que isso signifique ficar sem estudar, correr perigo ou mesmo brincar. Apesar de existir leis que as protejam e de um estatuto específico, meninos e meninas com até sete anos, são na maioria das vezes, o único sustento da família.  
Combater fatos como esses é uma das metas do Governo Federal, que em parceria com as prefeituras de todo o país, desenvolve o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti), que concede uma bolsa às famílias de crianças e adolescentes em situação de trabalho, que gere riscos a sua saúde e a sua segurança. (...) Mesmo sendo proibido constitucionalmente, estima-se que no Brasil, existam cerca de 3,8 milhões de crianças e adolescentes, com idade entre 5 e 16 anos, trabalhando. Isso prejudica seu desenvolvimento físico, emocional e intelectual.
Duas, em cada 10 crianças trabalhadoras, não freqüentam a escola e, como conseqüência, a taxa de analfabetismo entre elas atinge 20,1%, contra 7,6% no caso das que não trabalham.”
(A GAZETA – Caderno 2. Mais de três milhões de crianças vivem essa realidade. [B-2] Macapá, Domingo, 2 de outubro de 2005)  
No ano de 2005, estimulados pelo cotidiano das crianças e adolecentes que trabalham dia e noite no centro comercial de Macapá, alunos de 1º e 2º etapa do antigo Centro de Estudos Supletivos Emílio Médici, hoje Professor Paulo Melo, pesquisaram durante duas semanas a realidade de vendedores de amendoim, flores, bombons, além de "reparadores" (flanelinhas) e lavadores de carros em uma área de pouco mais de 20 quadras, divididas em oito setores. A pesquisa teve minha orientação e auxilio do corpo técnico e direção da escola.

Setores divididos entre os alunos para acompanharem as crianças e adolecentes que trabalham no centro comercial da cidade.


Veja algumas das conclusões da pesquisa:
Em vermelho, áreas de concentração de trabalho infantil; Em verde, bancos e locais de pagamento; Em azul, principais estabelecimentos comérciais; Em amarelo, áreas de turismo e lazer.

  • Existem vários atrativos para a concentração de crianças e adolescentes no centro de Macapá. As áreas comerciais, os bancos e as áreas de turismo e de lazer possuem diversas atividades que atraem muitos frequentadores, que atraem o trabalho das crianças e adolescentes;
  • Um dos principais fatores que estimula a concentração de crianças no centro é a circulação de dinheiro. Com isso, os bancos tem um importante papel, pois permitem, principalmente em dias de pagamento, a grande disponibilidade de dinheiro para a compra de amendoim, de flores ou de bombons;
  • O trabalho infantil no centro comercial de Macapá deve-se principalmente a falta de oportunidade de emprego dos país e de perspectiva das famílias, além do ócio destas crianças após o horário escolar;
  • As crianças originam-se de bairros próximos do local de trabalho como o Perpétuo Socorro, assim como dos extremos da zona norte e sul da cidade. É desses bairros distantes que muitas crianças e adolecentes utilizam-se das últimas linhas de ônibus para retornar para as suas casas.
  • Dois problemas sérios constatados foram a duração do trabalho e as altas horas de permanência das crianças nas praças Zagury e Beira Rio. Estes problemas ocasionam a ocorrência de violências de toda a espécie, além do esgotamento físico das crianças. Muitas crianças destacaram que dormem durante as aulas após um dia de trabalho.  
Os alunos finalizaram a pesquisa com a apresentação dos resultados na Feira de Intercambio Cutural da SEED, que expõe as atividades desenvolvidas nas escolas do Amapá. Os alunos empenharam-se em alertar sobre este grave problema para a comunidade que visitou a feira.

Os alunos que realizaram a pesquisa foram os seguintes:
 
Daiane da Silva Dias, Heitor dos Santos Martins, Janeth da Silva Leal, Luiza da Silva Macedo, Milena Graça Ferreira, Suane Figueiredo Ferreira, Antonio Wilson Araujo Lobato, Alex Sandro Macedo Nunes, Maria Lucivane S. dos Anjos, Rodrigo Ferreira Frazão, Iraldina da Silva Macedo, Josenilza Alves da Silva, Mariana Gomes Lopes, Cliciane da Silva Souza, Francinete Alves Dutra, Francisca Ilda da Silva Gomes, Helena da Silva Gomes, Joel Fernandes Silva, Alba Michelli Nasc. dos Santos, Andrelina Lopes Pantoja, Augusta Judith Nascimento Furtado, Claudeci Almeida Rodrigues, Jossivam de Jesus Herminio, Lucineide dos Anjos da Silva, Mauro Brito Barbosa, Nauclides Lacerda da Silva, Renildo Gomes da Silva, Rodrilanna Coelho Reis, Ruth Léa Rodrigues de Oliveira, Rizeli Sodre de Miranda e Eudeni Pires Branquinho.